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O «MOBI Cascais»: não é estratégia de mobilidade, é uma estratégia de propaganda!

mobi cascaisArrancou a campanha eleitoral PSD/CDS-PP em Cascais. O Executivo PSD/CDS na CM apresentou um sistema de mobilidade: o chamado MOBI Cascais que para o PCP não responde a nenhum dos problemas de mobilidade do concelho e não é sistema integrado que promova efectivamente o transporte colectivo público, que aumente a qualidade e a oferta da rede rodoviária e a articule com a linha ferroviária de acordo com as necessidades de quem vive e de quem trabalha em Cascais.

É o arranque em pleno da campanha eleitoral de Carreiras/PSD/CDS-PP visando as próximas eleições autárquicas de 2017, que os munícipes de Cascais estão a pagar.

 

Comunicado da Comissão Concelhia de Cascais do PCP

 

A Câmara Municipal (CM) de Cascais apresentou o projecto «Mobi Cascais» como sendo uma nova estratégia de mobilidade integrada para o concelho mas para o PCP nada é mais falso:

1 – As questões de mobilidade, fundamentais para a qualidade de vida das populações e para a economia dos territórios, não podem ser concebidas como «ilhas» desarticuladas com os transportes colectivos que servem o concelho como o transporte ferroviário (CP) e rodoviário (Scotturb). Nada neste projecto apresentado funciona em articulação com estes dois operadores fundamentais.

 

2 – Em nenhum momento este projecto foi discutido e/ou votado em reuniões de Câmara ou da Assembleia Municipal. Por isso, quando se anunciam «novas linhas rodoviárias», o PCP não pode deixar de questionar: A Câmara de Cascais adquiriu alguma empresa de transportes rodoviários ou fez contratos com a Scotturb? Onde estão tal empresa ou contratos? A existirem porque não foram discutidos e votados nas reuniões dos órgãos municipais?

 

3 – Os «investimentos» anunciados, com pompa e circunstância eleitorais, são um verdadeiro engodo. Segundo o Executivo PSD/CDS da CM Cascais, «as bicicletas ficaram a custo zero, fruto de parcerias com empresas privadas».De acordo o noticiado o «presente» é da JCDecaux, empresa privada de comunicação publicitária, à CM Cascais. O PCP questiona: porque é que uma empresa privada, cujo o seu objectivo é a realização de lucros «oferece» presentes à CM Cascais? Que retornos espera: a diminuição, a isenção de taxas municipais ou a preferência de renovação de concessões?
Ou será que é um adiantamento ao PSD/CDS-PP do financiamento da campanha eleitoral para as eleições autárquicas de 2017?

 

4 – O PCP considera, ainda, que as declarações do secretário de Estado do Ambiente, José Mendes, sobre o Mobi Cascais classificando-o como um dos melhores sistemas de mobilidade em Portugal, são infelizes e verdadeiramente desconhecedoras da realidade do concelho de Cascais e da área metropolitana de Lisboa. Nenhum sistema de transportes pode ser bom se não for ao encontro das necessidades da população que o usa. A maioria da população que vive e/ou trabalha no concelho de Cascais precisa do comboio e de uma rede rodoviária e nem um nem outro estão envolvidos no sistema.
O PCP considera que o Governo deve actuar urgentemente no sentido de requalificar a linha ferroviária: as infra-estruturas e nos comboios, concretizando um projecto que leva mais de dez anos de sucessivos atrasos e para o qual até existem fundos comunitários. O PCP considera que é essencial melhorar o serviço prestado pela Scotturb, alargando a oferta e melhorando a sua fiabilidade, mas que essas melhorias têm que ser feitas com os trabalhadores da empresa, os autocarros e equipamentos existentes, e nunca através de provocar a insolvência da empresa, substitui-la por outra ou construir um sistema paralelo. Desde logo porque todos aqueles equipamentos resultaram de investimento público ou das receitas geradas pelos utentes, e o país não se pode dar ao luxo de os destruir. E principalmente porque os trabalhadores da empresa fazem falta, e é o seu trabalho que deve ser salvaguardado.

 

5 – Relativamente ao estacionamento e ao escandaloso aumento dos espaços do estacionamento pago em todo o concelho, o PCP é frontalmente contra esta medida porque em nada contribui para a solução de problemas de mobilidade do concelho e, pelo contrário, agrava-os, afastando a população dos centros históricos, prejudicando o comércio e a restauração locais, afastando ainda mais população da utilização do transporte ferroviário.

 

6 – O PCP considera completamente inaceitável a ideia, contida na propaganda da CM Cascais, que o preço do transporte em Cascais deve ser um para os eleitores em Cascais
e outro mais caro para os não eleitores, tratando estes últimos como «turistas». É lamentável que o Executivo PSD/CDS da CM Cascais não saiba, nem queira saber, que existem milhares de trabalhadores em Cascais que residem noutros municípios e que têm o mesmo direito ao transporte que os residentes em Cascais.

 

7 – Ainda sobre a questão dos preços dos transportes colectivos, públicos e privados, o PCP reafirma a sua proposta de alargamento do passe social intermodal, a todos os operadores e a todas as carreiras na área metropolitana de Lisboa (AML), que a ser aprovada na Assembleia da República (AR) vai integrar todo o concelho de Cascais, ou seja: vai possibilitar a mais 182 mil habitantes do concelho usufruir do passe social, para além dos que trabalhando em Cascais residem fora do concelho. O PCP já apresentou o projecto-lei e aguarda discussão e votação na AR. Também por proposta do PCP foi aprovada uma moção na Assembleia Municipal de Cascais relativamente ao alargamento do passe social Intermodal a toda a Área Metropolitana de Lisboa.

 

8 – Em suma, o chamado «Mobi Cascais» não responde a nenhum dos problemas de mobilidade do concelho e não é sistema integrado que promova efectivamente o transporte colectivo público, que aumente a qualidade e a oferta da rede rodoviária e a articule com a linha ferroviária de acordo com as necessidades de quem vive e de quem trabalha em Cascais. É, tão só o arranque em pleno da campanha eleitoral de Carreiras/PSD/CDS-PP visando as próximas eleições autárquicas de 2017, que os munícipes de Cascais estão a pagar.