





















Decorreu no passado domingo um almoço de comemoração do 25 de Abril promovido pela CDU da Amadora. Num salão repleto da Escola Seomara da Costa Primo, mais de uma centena de pessoas conviveram, recordaram o passado, projectaram o futuro, futuro de liberdade, fraternidade, emancipação, igualdade. Esteve presente João Pimenta Lopes, membro do Comité Central do PCP e candidato da CDU à presidência da Câmara Municipal da Amadora, intervindo também João Cravo, da Comissão Concelhia da Amadora do PCP, e Deolinda Bernardino, da Direcção da Organização Regional de Lisboa do PCP.
Lê em baixo a intervenção integral de João Pimenta Lopes.
Intervenção de João Pimenta Lopes
Dois dias depois das comemorações da revolução de Abril, é com aquela imensa alegria, força e confiança que percorreu e transbordou a Avenida da Liberdade, e noutras cidades do país, que saúdo, todos os amigos e camaradas que hoje aqui se reúnem para dar continuidade a Abril, para tomar em mãos esse momento maior da nossa história e dar-lhe continuidade, continuar a afirmá-lo no presente, e a projectá-lo no futuro.
É também esse espírito, de construção, de solidariedade, de entrega, que permite a realização de iniciativas destas. E que bonita está esta Festa hoje, só possível com o contributo militante dos que trataram da mobilização, da organização, e do serviço às mesas, sem esquecer as sras. da Escola que confeccionaram a refeição, a todos eles, uma particular saudação e uma salva de palmas!
Celebrar Abril, exige recordar manter viva a memória de que o fascismo existiu em Portugal e perseguiu prendeu, torturou e assassinou milhares e milhares de homens, mulheres e jovens que se lhe opuseram corajosamente. Foram 48 anos de uma ditadura terrorista, marcada pela corrupção e a promiscuidade do poder político com o poder económico, monopolista e latifundiário, que oprimiu e reprimiu o povo e os trabalhadores portugueses e mergulhou na miséria e no atraso o País e o povo. Nesse tempo em que lutar pela democracia e pela liberdade tinha como consequências inevitáveis a prisão, a tortura, muitas vezes a morte, nesse tempo difícil, os comunistas ocuparam sempre a primeira fila em diversas frentes de luta, desde a clandestinidade, e quantas vezes sós, e pagando, como nenhuma outra força, o preço por nunca abdicar da luta pela libertação do povo português. Lutas, greves, acções heróicas, e vitórias do povo trabalhador, de que a conquista das 8 horas nos campos do sul é parco mas grande exemplo de que valia a pena lutar e que o fascismo, mais tarde ou mais cedo, caíria!
Fomos semente de esperança, cravo plantado dentro de um povo escravo, força e vontade para a conquista da liberdade!
Essa madrugada que esperávamos, esse dia inicial inteiro e limpo, em que emergimos da noite e do silêncio, essa substância do tempo que vivos habitámos, foi expressão de muita luta, muito esforço, muita entrega, muita coragem, de todos quantos se opuseram ao fascismo, e que alimentaram as consciências daqueles valentes capitães de Abril, num papel determinante para a Revolução que temos a obrigação de continuar a lembrar e a sublinhar.
A coragem desses capitães de Abril, que levaram por diante o levantamento militar, a que se associou a determinação, a força, a coragem também do nosso povo, que ao levantamento militar juntou um grandioso levantamento popular que levou por diante e consagrou a aliança POVO-MFA, que foi determinante para consagrar e levar mais longe a Revolução do 25 de Abril.
Esse Abril que pôs fim à ditadura fascista, à repressão, à violência, às prisões, ao atraso económico, ao atraso social, cultural, que pôs fim à pobreza como algo inevitável. Abril travou a emigração em massa, pôs fim à discriminação legal das mulheres, Abril travou a alta corrupção, Abril pôs fim à guerra e consagrou Portugal como um País de paz, cooperação e amizade entre os povos.
Abril derrotou as injustiças, as desigualdades, distribuiu de forma mais justa a riqueza que era criada, consagrou direitos, semeou no povo a consciência subjectiva, mas que tanta importância tem nas nossas vidas, a confiança num futuro melhor!
Foram muitas as conquistas, foram muitas as alegrias, foram muitas as esperanças, foram muitas as concretizações, e foi assim, mesmo quando alguns diziam que muitas das suas conquistas não eram possíveis, e quando outros tudo faziam para iniciar o processo contra-revolucionário.
Profundas transformações económicas, sociais, políticas e civilizacionais que moldaram e deram forma à democracia portuguesa, que a Constituição da República consagrou como projecto de realização da nossa vida colectiva. Uma democracia política, económica, social, cultural, completa e abrangente a todas as áreas da vida.
O processo revolucionário consolidou as eleições livres, o direito de voto às mulheres, o pluralismo. Consagrou amplos direitos laborais, individuais e colectivos, nomeadamente o direito ao emprego com direitos e a garantia de direitos sociais universais, à saúde, à educação, à protecção social. Assegurou o direito à livre organização sindical, o direito à manifestação e à greve. Consagrou a proibição dos despedimentos sem justa causa. Procedeu à criação do salário mínimo nacional. Garantiu o direito a férias e pagas. Promoveu o aumento e alargamento das pensões de reforma e grandes avanços nos domínios da saúde, com a criação do SNS universal, geral e gratuito, mas também grandes avanços no ensino em todos níveis. Criou e dignificou a habitação, consagrando-a como um direito constitucional. Democratizou o acesso à cultura, ao desporto, ao lazer, ao ensino. Instituiu o poder local democrático, que expressa e assegura o direito do povo de decidir sobre os problemas das suas terras e o seu desenvolvimento.
Foi esse projecto de poder local democrático, aliado à vontade e luta popular, num território profundamente ligado à luta anti-fascista e ao processo revolucionário, que possibilitou a constituição da Amadora como primeiro município de Abril. A Amadora, a nossa terra, é também ela filha da revolução, foi vontade, foi conquista, foi avanço a pulso, foi projecto, foi vida, foi construção, foi cultura, foi desporto, foi gente, foi rua, foi progresso.
Conhecemos bem o caminho contra-revolucionário que se abriu, a destruição ou amputação de muitas conquistas de Abril. Mas o alcance dos valores de Abril, das suas conquistas, o alcance daquilo que proporcionou na vida da larga maioria do nosso povo, está tão fundo e vivo, que mesmo décadas e décadas de processo contra-revolucionário, pela força do povo, dos trabalhadores, dos comunistas, dos verdes, e de tantos outros democratas e progressistas, apesar de tanto esforço, não conseguiram ainda cumprir todo o processo contra-revolucionário. Abril vive, está bem vivo, e que vivo está, como testemunhámos nas enormes celebrações de há dois dias, e é em Abril que está o presente e o futuro do nosso País.
Abril não ficou para trás, Abril está aí, e hoje os seus valores, as suas conquistas, a força dos seus protagonistas mantêm enorme actualidade.
Quanto mais avança o processo contra-revolucionário, as concepções reaccionárias e as forças reaccionárias, mais evidente se torna aquilo que é necessário fazer, o caminho de Abril que foi interrompido e que é urgente retomar.
Em cada luta pelos salários, contra a precariedade, pelos direitos, pelo aumento das pensões, pela habitação, pela saúde, pelas creches, pelos lares, em cada luta pela vida melhor, em cada combate, contra as forças e as concepções reaccionárias, o que estamos a fazer é lutar por Abril, pelas suas conquistas e pelos seus valores.
Nessa luta da juventude, dos trabalhadores e do povo, todos os que cá vivem e trabalham, já sabem que contam, como contaram sempre, com o PCP e com as forças que constituem a grande força unitária, popular e de Abril que é a Coligação Democrática Unitária, a CDU!
Esta é a força popular que junta comunistas, ecologistas, e muitas pessoas sem filiação partidária, muita gente que pode ter tido, no passado, outras opções partidárias ou de voto, mas que reconhece que na CDU está esse projecto de progresso, de esperança, e sabe que aqui está o projecto de Abril, sem equívocos, sem hesitações, sem traições.
Estamos com os trabalhadores, o povo, a juventude, com a sua justa luta, antes, durante e depois das eleições. Estamos empenhados nessa luta, e também nas lutas eleitorais, desde logo do próximo dia 18 de Maio, para, com mais força, mais votos, mais deputados da CDU, mas também em Setembro, com mais CDU na Amadora, afirmar aquilo que se impõe, o caminho de ruptura, o caminho que responda à vida, às necessidades e aos direitos da maioria daqueles que põem o País e o Concelho a funcionar, que trabalharam uma vida inteira, da juventude que quer cá viver e trabalhar.
Este é o grande desafio que temos em mãos!
Um desafio exigente, num tempo em que se avolumam crescentes perigos de degradação da democracia pela acção das forças da direita e o seu projecto de levar mais longe o processo contra-revolucionário de reversão e anulação de Abril, mas também daqueles que não negam Abril em palavras, mas que tomam partido e optam por uma política ao serviço dos mais poderosos, em prejuízo das condições de vida dos trabalhadores e do povo.
Conhecemos bem essa realidade aqui na Amadora! Do encerramento da SOREFAME à destruição da Fábrica da Cultura, não nos faltam exemplos desse caminho.
O que faz falta é o aumento real dos salários e dos direitos laborais!
É o aumento das pensões!
Faz falta garantir o direito à saúde, com mais médicos e enfermeiros, com um SNS à altura do seu desígnio constitucional.
Faz falta garantir o direito à habitação!
O que faz falta e importa na vida das pessoas é o direito das crianças e dos pais, e o acesso às creches e aos lares.
O que faz mesmo falta, são melhores condições de vida para todos, é uma vida melhor!
Faz falta trilhar os caminhos da paz e rejeitar, sem equívocos ou titubiezas esse caminho da guerra que nos querem impor e aos nossos filhos.
Estamos num tempo em que é preciso optar.
Ou os lucros de uns poucos e a submissão do País aos seus interesses, ou aquilo que verdadeiramente importa, a vida de cada um.
Há recursos, há meios, que se mobilizem pois e sejam colocados ao serviço das pessoas e do país!
E aqui estamos, todos os que aqui estão e outros a que importa chegar,v
gente séria e empenhada, capaz de servir o povo, e não se servir do povo.
Com força e coragem para abrir o caminho que se impõe, seja nas eleições que se avizinham, sejam nas eleições autárquicas no outono.
É preciso dar força à força do povo, para ter a força do povo no poder!
Dar mais força à CDU para enfrentar com coragem a direita!
Vamos ao contacto, vamos ao esclarecimento, vamos à conversa.
Que nenhuma conversa falte, que nenhuma conversa fique por fazer, que nos afirmemos nas ruas, nos cafés, nas praças, no comércio, nas fábricas, nos transportes, onde quer que haja gente, dando atenção ao que mais importa, a vida das pessoas.
Façamos já do 1.º de Maio uma grande jornada de mobilização, reivindicação e luta de todos os trabalhadores.
Façamos da CDU aquilo que ela é, uma grande força popular onde cabem e são bem-vindos todos aqueles que olham para Abril, não como o passado, mas sim como uma referência de presente e de futuro.
Contribuamos para a construção de um importante resultado da CDU no dia 18 de Maio, como parte de um caminho que já espreita a construção de um outro importante resultado da CDU nas eleições autárquicas deste ano.
Basta do abandono do espaço e equipamentos públicos. Basta de desprezo pela cultura, pelo desporto, pelo movimento associativo popular. Basta de inação perante a degradação do SNS. Basta de políticas de especulação, discriminação. Basta de uma Amadora que é cada vez mais dormitório!
É tempo de retomar Abril na Amadora. Este município de Abril, cujos alicerces, construídos a pulso por esta força, com tantos de vós e muitos outros, aqui continuam, apesar de quase três décadas de estagnação sob a gestão do Partido Socialista.
É preciso olhar à memória desses 18 anos de gestão APU e CDU, que transformaram um dormitório num território vivo, para abrir caminho a construir uma Amadora de todos, com todos, para todos.
Sejamos de novo semente de esperança e de confiança, também aqui no Concelho da Amadora!
Sejamos cravo plantado, força transformadora do nosso Município de Abril, para retomar uma Amadora que é exemplo e dá cartas na cultura, no desporto e lazer, alicerçado no envolvimento da população, um território onde dá gosto, onde se quer, onde é possível viver!
Um concelho com respostas e soluções para a habitação, a saúde, a educação, nos serviços públicos, nos transportes.
Sejamos, ao lado dos Amadorenses, força transformadora, por uma Amadora para todos!
Viva a CDU!
Viva a Amadora, Município de Abril!
Viva o 25 de Abril!