Jorge Humberto, Sobre o Aumento de Preços

O AUMENTO DOS PREÇOS

De repente tocou o alarme. Os Portugueses viram-se confrontados de um dia para o outro pela subida desenfreada dos produtos alimentares de primeira necessidade, num contexto particularmente grave pelo acentuar das desigualdades sociais, pelo desemprego, baixos salários e reformas e pelo escandaloso aumento dos combustíveis, tudo isto num país onde cerca de 2 milhões vivem no limiar da pobreza.

O AUMENTO DOS PREÇOS DOS PRODUTOS ALIMENTARES

 
As causas do problema advirão certamente, de um complexo conjunto de factores, a que não são alheias as questões climáticas, que têm levado á desertificação de territórios e escassez de água, aumento do preço do petróleo e consequente subida dos transportes, o agravamento da situação de ocupação de solos com culturas industriais, para a produção de agrocombustíveis e a ruinosa Política Agrícola Comum, (PAC), que tem restringido a produção, eliminado stocks e liquidado milhares de explorações agrícolas e contribuído para a desertificação rural. Desde 2007 o leite aumentou 74%, o arroz 71%, os óleos 36 % as massas e farinhas 34% e os ovos 24%, etc, etc.
 
Este números desmentem categoricamente o Ministro da Agricultura quando afirmou que “não há crise alimentar, apenas uma subida de 13% no último ano”.
 
A situação é de facto preocupante e exige a tomada de medidas sérias a começar por uma profunda reflexão sobre as políticas agrícolas que têm sido desenvolvidas em especial desde 92, ano em que se dá a grande machadada na agricultura portuguesa com a chamada Reforma da PAC.
 
O nosso país importa cerca de 70% da sua alimentação, não temos a nossa soberania alimentar minimamente assegurada e o Estado não tem qualquer controlo por exemplo sobre os stocks de cereais.
A soberania alimentar é um direito básico e universal de todos os povos e a produção agrícola uma variável estratégica de independência nacional.

O AUMENTO DOS COMBUSTÍVEIS

 
A pergunta que todos fazemos, é se há ou não justificação para o preço a que estes se encontram em Portugal?
Para além do reconhecida especulação que os próprios conhecedores do negócio não têm dúvidas em afirmar, haverá também no percurso desde que o crude entra no mercado, pois a evolução dos preços varia consoante os países e as políticas.
 
Se verificarmos os dados do Ministério da Economia, algo sobressai que no mínimo, gera estupefacção e carece de explicação, vejamos o seguinte quadro:

Petróleo Brent                                         Dólares/Barril                           Euros/Barril
Preço médio em 2006                                       65,14                                          51,9
Preço médio em 2007                                       72,55                                          52,69
Aumento preço médio 2006/07                      11,4%                                          1,5%

Preço Dezembro 2007                                       91,00                                          62,46
Preço Março 2008                                           103,69                                          66,85
Aumento Dez. 2007/Março 2008                    13,9%                                          7,0%

Se a análise for feita, não em %, mas em unidades monetária, conclui-se que entre Dez de 2007 e Março de 2008 o preço do barril aumentou 12,69 dólares, o que correspondeu a uma subida de 4,39 euros, portanto o aumento em euros correspondeu quase um terço da subida em dólares.

 
A par desta evolução, há que clarificar a decisão sobre os preços, na medida em que o combustível vendido num dia não foi produzido com o petróleo adquirido nesse mesmo dia, mas sim 3 a 6 meses antes e por outro lado, o conjunto das alterações verificadas desde Dezembro de 2007 e Abril de 2008, traduziu-se num aumento de cerca de 7% na gasolina sem chumbo/95 e cerca de 13% no gasóleo.
 
E já entre Dezembro de 2006 e Dezembro de 2007 o preço da gasolina/95 aumentou em Portugal 11% e o gasóleo 17,2%, enquanto o preço médio do petróleo, em euros, subiu apenas 1,5%.
 
Toda estas situações merecem um rigoroso tratamento por quem de direito, dadas as graves consequências geradas pela especulação e mais aumentos no custo dos produtos e bens essenciais, que agrava as condições de vida  e é hoje sentida por largas camadas e sectores e contrasta com os lucros do sector financeiro e dos principais grupos económicos, reveladores só por si, do carácter injusto e inaceitável da política do governo PS.
 
O certo é que a vida está mais difícil para os Portugueses e são os que menos podem e os que menos têm os que mais sofrem com toda esta situação.