O AUMENTO DOS PREÇOS
De repente tocou o alarme. Os Portugueses viram-se confrontados de um dia para o outro pela subida desenfreada dos produtos alimentares de primeira necessidade, num contexto particularmente grave pelo acentuar das desigualdades sociais, pelo desemprego, baixos salários e reformas e pelo escandaloso aumento dos combustíveis, tudo isto num país onde cerca de 2 milhões vivem no limiar da pobreza.
O AUMENTO DOS PREÇOS DOS PRODUTOS ALIMENTARES
As causas do problema advirão certamente, de um complexo conjunto de factores, a que não são alheias as questões climáticas, que têm levado á desertificação de territórios e escassez de água, aumento do preço do petróleo e consequente subida dos transportes, o agravamento da situação de ocupação de solos com culturas industriais, para a produção de agrocombustíveis e a ruinosa Política Agrícola Comum, (PAC), que tem restringido a produção, eliminado stocks e liquidado milhares de explorações agrícolas e contribuído para a desertificação rural. Desde 2007 o leite aumentou 74%, o arroz 71%, os óleos 36 % as massas e farinhas 34% e os ovos 24%, etc, etc.
Este números desmentem categoricamente o Ministro da Agricultura quando afirmou que “não há crise alimentar, apenas uma subida de 13% no último ano”.
A situação é de facto preocupante e exige a tomada de medidas sérias a começar por uma profunda reflexão sobre as políticas agrícolas que têm sido desenvolvidas em especial desde 92, ano em que se dá a grande machadada na agricultura portuguesa com a chamada Reforma da PAC.
O nosso país importa cerca de 70% da sua alimentação, não temos a nossa soberania alimentar minimamente assegurada e o Estado não tem qualquer controlo por exemplo sobre os stocks de cereais.
A soberania alimentar é um direito básico e universal de todos os povos e a produção agrícola uma variável estratégica de independência nacional.
O AUMENTO DOS COMBUSTÍVEIS
A pergunta que todos fazemos, é se há ou não justificação para o preço a que estes se encontram em Portugal?
Para além do reconhecida especulação que os próprios conhecedores do negócio não têm dúvidas em afirmar, haverá também no percurso desde que o crude entra no mercado, pois a evolução dos preços varia consoante os países e as políticas.
Se verificarmos os dados do Ministério da Economia, algo sobressai que no mínimo, gera estupefacção e carece de explicação, vejamos o seguinte quadro:
Petróleo Brent Dólares/Barril Euros/Barril
Preço médio em 2006 65,14 51,9
Preço médio em 2007 72,55 52,69
Aumento preço médio 2006/07 11,4% 1,5%
Preço Dezembro 2007 91,00 62,46
Preço Março 2008 103,69 66,85
Aumento Dez. 2007/Março 2008 13,9% 7,0%
Se a análise for feita, não em %, mas em unidades monetária, conclui-se que entre Dez de 2007 e Março de 2008 o preço do barril aumentou 12,69 dólares, o que correspondeu a uma subida de 4,39 euros, portanto o aumento em euros correspondeu quase um terço da subida em dólares.
A par desta evolução, há que clarificar a decisão sobre os preços, na medida em que o combustível vendido num dia não foi produzido com o petróleo adquirido nesse mesmo dia, mas sim 3 a 6 meses antes e por outro lado, o conjunto das alterações verificadas desde Dezembro de 2007 e Abril de 2008, traduziu-se num aumento de cerca de 7% na gasolina sem chumbo/95 e cerca de 13% no gasóleo.
E já entre Dezembro de 2006 e Dezembro de 2007 o preço da gasolina/95 aumentou em Portugal 11% e o gasóleo 17,2%, enquanto o preço médio do petróleo, em euros, subiu apenas 1,5%.
Toda estas situações merecem um rigoroso tratamento por quem de direito, dadas as graves consequências geradas pela especulação e mais aumentos no custo dos produtos e bens essenciais, que agrava as condições de vida e é hoje sentida por largas camadas e sectores e contrasta com os lucros do sector financeiro e dos principais grupos económicos, reveladores só por si, do carácter injusto e inaceitável da política do governo PS.
O certo é que a vida está mais difícil para os Portugueses e são os que menos podem e os que menos têm os que mais sofrem com toda esta situação.