Não, não é do filme de Alfred Hitchcock, de que me ocuparei nestas linhas. Mas sim, a propósito de reacções de alguns comentadores acerca da saída de Correia de Campos do Ministério da Saúde. Segundo alguns, o homem sabia demais do seu ofício. O problema coitado, o problema é que ele não sabia explicar as profundezas do seu saber. Porque, dizem, não basta ter razão. É preciso convencer os outros dessas razões. Tudo, aliás, para estes defensores da chamada ”reforma” do Serviço Nacional de Saúde do Governo PS é uma questão de imagem e comunicação. Porque o fundo da política está bem, havendo até uma interveniente num debate na rádio entre apoiantes envergonhados do Governo que exclamou muito afoita que, por ela, não se importava, de ter nascido em Badajoz.
O que alguns destes intelectuais da burguesia, na sua visão limitada e elitista evitam compreender é que as populações, ao verem ser-lhes retirados direitos e porque também estão mais do que convencidas das suas razões, protestaram e lutaram pelos seus direitos, incluindo o de não quererem que os seus filhos nasçam em Espanha. O SNS, com a sua cobertura territorial, não foi uma dádiva de nenhum Governo, mas antes resulta de uma conquista popular alcançada com a Revolução de Abril, o que coloca a política de direita para a Saúde, defendida pelo Governo Sócrates, não como reformadora… mas uma contra-reforma, que visa destruir o Serviço Público para criar espaço à ignóbil sede de lucro dos privados, à custa da doença dos portugueses, como recentemente aconteceu, em Chaves. Ignoram também ou querem ignorar que o SNS está entre os quinze melhores serviços públicos do Mundo. Claro que todos os que são utentes dos serviços de Saúde e profissionais do sector desejam e lutam por melhorias, mas a estratégia do Governo é a destruição . É contra isso que lutaram e vão continuar a lutar milhares de portugueses.
Os que apenas criticam superficialidades e afunilam a observação neste ou naquele ministro escondem, propositadamente, o seu apoio ao fundo da politica e ás orientações gerais do Governo PS/Sócrates e sempre se irão sentir incomodados com a luta dos trabalhadores e das populações e, simultâneamente, ignorá-las como motoras das derrotas da politica de direita,que de facto apoiam.