O programa imposto pela troika estrangeira, com submissão ou apoio da troika nacional e também do Presidente da República, deve ser rejeitado e substituído por efectivas alternativas, salientou a CGTP-IN, nas grandes manifestações que esta tarde trouxeram dezenas de milhares de pessoas às ruas de Lisboa e do Porto.
«O acordo não é inevitável e não é lei» – começa por afirmar-se na resolução que sintetiza a mensagem desta jornada de luta e que foi desenvolvida nas intervenções do Secretário-geral da CGTP-IN, Manuel Carvalho da Silva, em Belém, e de João Torres, da Comissão Executiva da central, na Avenida dos Aliados, nos comícios sindicais que tiveram lugar no final dos desfiles.
Em Lisboa, com ponto principal de concentração no Largo do Calvário, mas com várias centenas de manifestantes a fazerem o percurso inicialmente marcado, desde a Assembleia da República, o protesto juntou mais de 50 mil trabalhadoras e trabalhadores dos distritos a Sul do Mondego. No Porto, confluindo para a Praça da Batalha e a Praça dos Leões, para depois desfilarem pela baixa e se concentrarem na Avenida dos Aliados, estiveram mais de 15 mil pessoas dos distritos do Norte.
Em Lisboa, o Secretário-geral do Partido, Jerónimo de Sousa, acompanhado por membros da Comissão Política, saudou a passagem da manifestação, na Rua 1.º de Maio, e foi calorosamente cumprimentado por muitos dos manifestantes.
Lutar também com o voto
Para a CGTP-IN, «o programa imposto pela troika (FMI-UE-BCE), com submissão ou apoio do Governo PS, do PSD, do CDS, e do Presidente da República, consubstancia-se como um golpe de Estado constitucional, um ataque fortíssimo à democracia e à soberania nacional, uma clara capitulação perante a ingerência externa, uma negação do desenvolvimento do País, um autêntico atentado aos trabalhadores e ao povo».
Citando os exemplos da Grécia e da Irlanda, na resolução salienta-se que «este compromisso, agora ratificado pelo ECOFIN (ministros da Economia e Finanças da UE), não só não responde a nenhum dos problemas estruturais do País, como os ignora e agrava ostensivamente». O acordo «é, objectivamente, um programa político ao serviço dos grandes accionistas de grupos económicos e financeiros nacionais e internacionais, contra os trabalhadores, contra a esmagadora maioria dos portugueses e portuguesas, contra o futuro do País».
«Basta de apelos hipócritas e cínicos à convergência nacional, para continuar a encher os bolsos dos mesmos e para assegurar a continuação no poder dos que colocaram o País na situação de descalabro em que se encontra», protesta a CGTP-IN, reafirmando que «continuará a combater estas políticas, lutando contra as medidas imorais, injustas e inadmissíveis que colocam em causa os direitos, a dignidade e o nível de vida dos trabalhadores e da população, que hipotecam fortemente o futuro dos mais jovens, que provocam um retrocesso social e civilizacional profundíssimo no nosso país».
Nas eleições de 5 de Junho é preciso «garantir efectivas alternativas», apela a central, defendendo «que os trabalhadores e outras camadas da população façam deste dia uma jornada de luta, participando activamente no processo eleitoral para, com o seu voto, reforçarem a democracia, exigirem um país mais justo e solidário e para elegerem deputados que impeçam um golpe de Estado constitucional contra os seus direitos». Também por esta via, «é preciso dizer “não” às imposições das troikas, transformando o sentimento de descontentamento e indignação contra estas políticas em votos que garantam a afirmação de caminhos alternativos».