Reagindo às informações tornadas públicas a respeito do pagamento por doente atendido aos médicos contratados pelo Hospital Fernando da Fonseca (HFF) no âmbito das medidas de contingência para um eventual pico do surto gripal no período do Natal e Ano Novo, a Comissão Concelhia de Sintra do PCP salienta que:
Ao preverem a implementação de tal modalidade, as entidades responsáveis pela unidade de saúde referida e pela administração da prestação de cuidados urgentes na área abrangida pelo HFF, aprofundam o caminho de não resolução de um problema que se arrasta desde a criação daquela unidade de saúde. O que está aqui em causa é, mais uma vez a gravosa falta de profissionais de saúde no Hospital e nos Centros de Saúde dos Concelhos de Sintra e da Amadora. A suposta solução avançada pela Administração do Hospital apresenta reflexos de profunda desumanização no contacto entre doente e médico, naquilo que diz respeito aos princípios básicos que regem aquele relacionamento. Demonstram, para mais, como foram falsas as justificações invocadas o ano passado que atribuíram a um surto de gripe fora do normal todas as culpas pela calamidade verificada, da qual se salienta o facto de centenas e centenas de utentes terem esperado até 22 horas por um primeiro atendimento; e evidenciam que a afluência verificada não pode ser desligada do encerramento de centros e extensões de saúde e do fecho de valências, designadamente atendimentos permanentes locais, quer em Sintra quer na Amadora; Revelam igualmente que, como na altura o PCP e as comissões de utentes de saúde dos dois concelhos notaram, a precariedade laboral e o rebaixamento das componentes remuneratórias pagas aos profissionais constituem chagas que não só não resolvem qualquer problema, nem sequer de forma conjuntural, como, pelo contrário, agravam todos criando precedentes que têm efeitos nefastos, sobretudo na qualidade e celeridade do serviço e da assistência prestada aos doentes. A total falta de conexão com a realidade da decisão do último governo que, nos 27 dias em que esteve em funções, fez questão de determinar o encerramento de serviços de urgência, entre os quais a possibilidade de encerramento da urgência básica situada em Algueirão Mem Martins, medida que, advertimos, o actual executivo deverá revogar sem hesitação. A Organização Concelhia de Sintra do PCP realça, também, que enfrentar as carências em matéria de profissionais de saúde no Hospital Amadora-Sintra não se impõe apenas em períodos potencialmente extraordinários. Antes exige medidas determinadas a dotar com carácter permanente o HFF dos profissionais necessários em todos os domínios e valências e considerando a população abrangida. A falta de recursos humanos, muito menos se resolve através de estímulos do tipo mercantil como aquele que está a ser equacionadas para o próximo período de Natal e Ano Novo. Aliás, tais estímulos vêm sendo implementados no Amadora-Sintra no serviço que abriu mais recentemente, estando confirmado que médicos contratados por baixo valor/hora no internamento podem «optar» por «atender mais camas» para compor o respectivo rendimento, prática, que, como a agora anunciada, não resolve, antes agrava o problema da falta de profissionais de saúde. Resulta também claro que têm toda a actualidade outras exigências que, além da contratação de médicos para o HFF, o PCP há muito defende: a requalificação e construção de centros e extensões de saúde tendo como base os existentes antes da vaga de encerramentos determinada pelo anterior Governo; a contratação de profissionais para estas unidades em número e especialidades suficientes para a população abrangida; a construção com carácter de urgência de um novo hospital público no concelho de Sintra. A Comissão Concelhia de Sintra do PCP informa que antes mesmo da divulgação das informações acima referidas, já tinha decidido promover um conjunto de acções de contacto com profissionais e utentes em centros e extensões de saúde a partir de 12 de Dezembro, estando previstas iniciativas no Cacém, Casal de Cambra, Belas, Rio de Mouro, Algueirão, Almargem do Bispo e no Hospital Amadora-Sintra.
A Comissão Concelhia de Sintra do PCP
Eventuais Esclarecimentos: António Carrasco 926 881 376