06 – O REVISIONISMO NO MOVIMENTO OPERÁRIO

A fase entre a Comuna (1871) e a I Guerra Mundial (1914) foi de desenvolvimento relativamente “pacífico” do capitalismo. Uma burguesia cada vez mais poderosa enriquecia “pacificamente” à custa de um proletariado cada vez mais numeroso. As guerras e revoluções ficaram confinadas à periferia do sistema.

Para o movimento operário e socialista esta foi uma fase de acumulação de forças. O crescimento numérico e a relativa prosperidade industrial permitiram-lhe avanços económicos e políticos. Os sindicatos cresciam em tamanho e prestigio. A luta popularizava e conquistava direitos para os trabalhadores, destacando-se a luta pela jornada de 8 horas. A extensão do direito de voto (embora quase sempre só aos homens) criava novas condições para a participação política dos trabalhadores.

A I Internacional ainda realiza a sua Conferência de Haia em 1872, caracterizada pela derrota do bakuninismo. Mas virá a ser destruída pela repressão que se segue à Comuna de Paris.

A II Internacional nascia em 1889. Na sua base estavam os Partidos Operários, sob forte influência marxista, em geral adoptando o nome de social-democratas. Por decisão do Congresso da Internacional, o 1º de Maio de 1890 é comemorado internacionalmente, tendo a jornada das 8 horas como principal reivindicação.

No limiar do século XX, o clima entre os socialistas era optimista: o proletariado continuava a crescer em número, a avançar nos seus direitos, a elevar a sua consciência e organização.

Em 1899, o dirigente do Partido Social-Democrata Alemão, Eduard Bernstein publica o livro “O Socialismo Teórico e o Socialismo Prático”, tornando visível o conflito entre revolucionários e reformistas. Sem romper formalmente com o marxismo, Bernstein pregava a revisão (donde o título de revisionismo) da sua essência revolucionária: afirmava que o capitalismo era capaz de superar as suas crises, que o socialismo seria fruto da acumulação gradual e pacífica de pequenas conquistas. O seu lema “O movimento é tudo, o objectivo é nada!” sintetizava as teorias reformistas no movimento operário.

As suas teses foram rechaçadas numa fase inicial, e duramente criticadas no próprio SPD por Rosa Luxemburgo, e no plano internacional, onde se destacou Lenine. Mas o desenvolvimento “pacífico” do capitalismo levara o movimento operário a uma certa acomodação, e quando a I Guerra inaugurou uma nova fase de crise revolucionária, dá-se a primeira grande divisão no movimento operário: entre revolucionários e reformistas.