Escolas
Na apreciação que faço do ano escolar que agora termina, começo por lembrar que a Sra. Ministra disse para quem a quis ouvir, que os políticos do presente e do passado não tinham qualquer responsabilidade nos problemas da Educação em Portugal.
Sobram assim os professores, pois terão sido eles que: implementaram medidas avulsas das reformas que resolveram impor de forma irresponsável, levaram a cabo rematados disparates pedagógicos ditados por medidas economicistas que visaram roubar à educação o que nela deveria ter sido investido, desviaram o dinheiro dos contribuintes à escola pública para o despejar na privada.
À Antena 2, em resposta à pergunta se alguma vez tinha dado aulas, a Ministra Maria de Lurdes Rodrigues respondeu e cito “Para governar, não é preciso conhecer-se o ambiente!”
É no que dá, mexer-se em algo sem saber como…
A questão é que as escolas estão caos. Os docentes, desconfiados, analisam-se mutuamente os curricula. A classe sente-se enxovalhada, ferida na sua dignidade e com vontade de sair deste mar de lama.
Não é por acaso que a Ministra da Educação destrói a escola pública – ela não dá lucro e por isso desacredita-a, diz que funciona mal, que os professores não cumprem para depois alguém lucrar com isso. Assim, a Escola deixará de ser gratuita e vai deixar de ser para todos.
Uma reportagem da RTP trouxe à agenda mediática a violência nas escolas – podemos ficar tranquilos pois até Abril deste ano, a PSP já detectou sete armas de fogo, navalhas, facas, mas a Ministra está atenta. A PSP instaurou 22 processos por venda de álcool a menores, apreendeu 40 doses de cocaína, 52 de heroína e 1498 de haxixe e recebeu 49 queixas de atentado ao pudor, mas a Sra. Ministra está atenta. Provavelmente virá a público dizer que a culpa é dos professores e que a coisa se resolve pondo os pais a avaliar a sua competência.
Tudo em nome das estatísticas e das médias europeias.
Um olhar em redor do nosso concelho, mostra-nos a falta de investimento em equipamentos escolares a todos os níveis,.a chaga dos regimes duplos, os pavilhões provisoriamente definitivos e degradados. Tudo isto, é o resultado de uma indiferença inqualificável quer da Administração Central quer da Câmara Municipal, consoante são responsáveis por uns e outros graus de ensino. Aqui com o beneplácito do PSD
A Carta Educativa apresenta números confrangedores e o que é mais grave, é que estando todo o concelho carenciado de escolas, ainda se estabelecem prioridades das prioridades.
É assim que, e falando agora na Ramada, 500 crianças em regime duplo no 1º ciclo, escolas a abarrotar, algumas sem ginásio ou se o tinham, deixaram de o ter, pois lá “funcionam” as AECS, apenas um jardim de infância não impedem que a construção da Escola 1º. Ciclo e JI dos Apréstimos seja uma prioridade II. Isto significa que a sua construção fica para lá de 2010.
O que não é preciso, está no horizonte – sucatas de veículos em fim de vida, em terrenos de protecção e enquadramento e bombas de gasolina. Escolas, esquadra da PSP, Centro de Saúde, estação dos correios – a ordem é arbitrária – essas, vamos ter que continuar a reivindicar a sua urgente construção.
Escreve o jornalista Vítor Serpa do Jornal A Bola e cito:
“As nossas escolas lançam-se, definitivamente, na arrojada experiência do mundo da bola. Com uma Ministra apostada em ser um género de Scolari da educação, o Ministério investe na divisão sectarista entre (professores) titulares e suplentes.
O titulares serão, então, convocados à luz de uma escolha surpreendente. Mais importante do que saber dar aulas e ter sucesso na relação educativa com os alunos, interessará saber como pisar a alcatifa dos gabinetes, ter prática de carreira burocrática fora da sala de aulas e, acima de tudo, não ter tido lesões que obriguem a paragens mais ou menos longas no Campeonato, mesmo que por culpa de qualquer sarrafada alheia.
A táctica é, pois, não ter vida para além do dever. O destino é entregar a titularidade professoral aos mais dignos ratos de sacristia. Por isso, não bastará saber marcar golos. E, tal como em alguns clubes de futebol manhosos, é preciso não esquecer de elogiar o presidente e ser de uma fidelidade canina ao treinador”
Ainda bem que ainda vai havendo sinais de algum bom jornalismo
Odivelas, 28 de Junho de 2007.
Francisco Bartolomeu, Presidente da Junta de Freguesia da Ramada