Os trabalhadores da BA Vidro, SA – na Venda Nova, Amadora (ex Sotancro), levaram a cabo, no dia 24 de Fevereiro, terça-feira, uma greve de vinte e quatro horas. A greve englobou os três turnos da laboração: o das 00h00, o das 8h00 e o das 16h00. As oito linhas de produção da fábrica estiveram praticamente paradas. De acordo com Pedro Miguel, membro da direcção do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira (STIV/CGTP-IN), o primeiro turno teve uma adesão de cerca de 90%, o segundo de 92% e no terceiro perto de 80%. Foram constituídos piquetes de greve à entrada da fábrica, os quais contaram com a participação activa de mais de meia centena de trabalhadores. Desta acção de luta na BA Vidro da Venda Nova sobressaiu a forte unidade de que os trabalhadores deram mostras e a sua firme disposição de luta para alcançar as justas reivindicações por que se vêm batendo.
Uma delegação do Partido, composta por membros da Comissão Concelhia da Amadora esteve presente no piquete de greve, saudando os trabalhadores e manifestando o apoio do PCP ao prosseguimento da sua luta.
A greve de dia 24 culminou um processo de auscultação aos trabalhadores da empresa, articulado, nas duas últimas semanas, entre a nova Comissão Sindical, eleita no verão passado, e o STIV. Face à arrogância patronal, ao ambiente de repressão na empresa e ao aumento da exploração, o avanço para uma greve de 24 horas foi a opção de luta que a grande maioria dos trabalhadores considerou a mais adequada. Os trabalhadores da BA Vidro da Venda Nova exigem a restituição dos dias de compensação, acompanhada da respectiva reposição do subsídio de refeição; o pagamento das horas extraordinárias, do trabalho suplementar e dos feriados, tal como aconteceu até 2012; e a negociação do Acordo de Empresa, consagrando cláusulas que mantenham os direitos adquiridos dos trabalhadores. Em relação à restituição dos dias de compensação, o STIV já recorreu aos tribunais, que entretanto deram razão aos trabalhadores.
A BA Vidro, SA expandiu o seu negócio para Espanha e para a Polónia e produz todos os anos 5000 milhões de embalagens de vidro. Os accionistas da empresa têm embolsado lucros de centenas de milhões de euros, que aliás cresceram nos últimos cinco anos. Os trabalhadores da empresa, pelo contrário, têm visto os seus direitos espezinhados e o seu nível de vida afundar-se. A isto se somam as ameaças, as chantagens e o ambiente quase persecutório que, a mando da administração, os chefes de produção impõem aos trabalhadores. É neste quadro que tem especial relevância a primeira participação de vários jovens trabalhadores da BA Vidro numa acção de luta desta envergadura. A Comissão Sindical, o STIV e os trabalhadores asseguram que a luta vai continuar, mostrando-se empenhados em prosseguir a construção da unidade e a efectivação dos direitos dos trabalhadores.