Comemorar os 33 anos da Revoluçaõ de Abril e os seus ideais
O 25 de Abril e o 1º de Maio são para os trabalhadores portugueses duas datas inseparáveis. Por um lado, pelo carácter decisivo do contributo das lutas travadas pelas massas trabalhadores no combate à ditadura fascista; por outro lado pelo papel igualmente decisivo das massa trabalhadoras no êxito do Movimento dos Capitães, saindo para a rua no próprio dia 25 de Abril, conquistando-o como Dia da Liberdade e, seis dias depois, no Dia dos Trabalhadores, consolidando e conferindo à liberdade conquistada um essencial conteúdo de classe abrindo caminho a um processo revolucionário que permitiu, designadamente no sector dos transportes, proceder a importantes nacionalizações que visavam, entre outros objectivos, uma planificação sectorial integrada ao serviço do progresso e desenvolvimento social e económico do país.
Hoje, passados 33 anos, o País é governado por uma maioria socialista servil e rendida ao neoliberalismo globalizado, sistema que alicerça a transferência do poder para o capital privado nacional e transnacional para aí mantê-lo e concentrá-lo como condição para a exploração compulsiva e incessante dos trabalhadores.
O governo PS, na esteira das políticas de mais de trinta anos de alternância/aliança com o PSD e CDS, não dinamiza a economia, não impulsiona o sector produtivo e não está a orientar o investimento para necessidades estruturais que sirvam a população, promovam o emprego e serviços públicos dignos, universais e de qualidade.
Em consequência desta política, o povo português está confrontado com grandes dificuldades na sua vida. A exploração e as injustiças sociais aumentam, o País está sujeito à estagnação e ao subdesenvolvimento, regiões inteiras são privadas de serviços públicos como na saúde, nos transportes e no ensino, os grupos económicos apossam-se de cada vez maiores fatias da riqueza nacional e de importantes áreas do Estado, o regime democrático é atingido, as preocupações e interrogações quanto ao futuro adensam-se.
O grande capital é insaciável e, se tiver espaço, não recua perante nada na corrida ao máximo lucro.
Que a taxa do desemprego seja a maior desde o 25 de Abril, que a pobreza aumente a olhos vistos, que a liquidação das funções sociais do Estado esteja a acelerar os processos de desertificação de vastas regiões do País, nada disso lhe tira o sono.
A ruptura com a política de direita é um imperativo democrático!
Na verdade «não foi para isto que fizemos o 25 de Abril». A contra revolução avançou muito e a situação que hoje temos está em contradição flagrante com os valores e ideais de Abril e o conceito de democracia – política, económica, social e cultural, num quadro de independência nacional – que o PCP defende e que a Constituição Portuguesa de 1976 consagra em aspectos essenciais.
A 1 de Maio assinala-se o Dia Internacional do Trabalhador, instituído em homenagem aos operários de Chicago que em 1886 saíram à rua para reivindicar a jornada de trabalho de oito horas.
121 anos depois, no quadro de uma intensa luta de classes os trabalhadores portugueses estão perante uma enorme pressão patronal para aumentar horários de trabalho, impor aos jovens contratos a prazo ou outras formas precárias de emprego que permitam despedir a qualquer momento, situações que bem conhecemos no sector de transportes. Na rua, vamos exigir, designadamente, o fim das privatizações, melhores salários, o direito à contratação colectiva, a defesa dos sistemas públicos de segurança social e de saúde e uma administração pública moderna e eficiente.
Lutar pelos direitos tão arduamente conquistados e por novas e melhores condições de trabalho é um inegável acto cívico que dignifica os trabalhadores, no quadro da Constituição de Abril.
Hoje e sempre a luta continua!
Unidos venceremos!
Boletim Informativo – Maio 2007 – Organismo de Direcção do Sector dos Transportes da OR Lisboa do PCP