A recente interrupção no normal funcionamento do Hospital Amadora-Sintra, provocada por uma falha no sistema de refrigeração dos equipamentos informáticos, que levou à suspensão ao longo de vários dias de consultas externas, do hospital de dia, de cirurgias e, finalmente, do serviço de urgências, é reveladora do significativo e persistente desinvestimento e abandono a que o actual e sucessivos governos têm votado o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O PCP considera inaceitável que sucessivos governos mantenham e ignorem a degradação de inúmeros equipamentos e infra-estruturas, tanto no Hospital como nos centros de saúde de Amadora e de Sintra, indo dos elevadores que não funcionam, a infiltrações de água, à ausência de climatização nos gabinetes, entre outros problemas. É inaceitável que se mantenham por contratar os necessários profissionais de saúde, desde médicos, a enfermeiros e restantes técnicos, que levam ao acumular de utentes sem médico de família, empurrados para serviços de urgência ou de resposta primária em centros de saúde que estão constantemente sob pressão. É sobre os profissionais do SNS que recaem todos os problemas provocados pelo desinvestimento. São eles os heróis do SNS, que resistem diariamente, perante todas as contrariedades, dando o máximo de si por cada utente, trabalhando muitas vezes para além do seu horário. É assim todos os dias do ano, foi assim nos últimos dias no Hospital Amadora-Sintra.
As políticas de direita neoliberais de sucessivos governos, agora postas em prática pelo governo PSD-CDS, não são inocentes, são intencionais. A sua intenção é degradar cada vez mais os serviços públicos de saúde, colocar sob cada vez mais pressão os seus profissionais, empurrando utentes e profissionais para o negócio privado da doença. A sua intenção é degradar e abandonar o SNS até ao limite, colocando as pessoas contra o SNS, para no momento oportuno acenarem com a gestão privada como bóia de salvação de todos os males do SNS. O anúncio do regresso da Parceria Público-Privada à ULS Amadora-Sintra é a concretização clara deste processo de intenções. Uma PPP que desta feita abrange não apenas o Hospital como todos os centros de saúde da região.
Para o PCP, a solução não é voltar a privatizar a gestão do Hospital Amadora-Sintra nem dos centros de saúde a ele associados. A solução é mudar as políticas, que se olhe para o SNS e para a Saúde como direitos e serviços públicos e não como negócio, o negócio da doença. É preciso investir no SNS, nos seus profissionais, nos equipamentos, nas infra-estruturas. É preciso valorizar os profissionais de saúde, garantir-lhes melhores condições de trabalho, melhores carreiras e melhores salários. É preciso construir mais centros de saúde públicos, equipados e preparados para servirem a população. É preciso médicos e enfermeiros de família para toda a população de Amadora e de Sintra. É preciso defender o SNS. É preciso cumprir a constituição.