Esta sessão foi presidida por Rui Francisco, da Comissão Concelhia e vereador na Câmara Municipal de Odivelas, que introduziu o tema lembrando a imagem que os mais jovens terão acerca dos sacrifícios impostos aos seus pais nos tempos negros do fascismo e o quão importante foi esse exemplo na construção de uma consciência social e política, capaz de fazer crescer a raiva e a revolta e a vontade de lutar contra um regime que colocava Portugal na miséria e na opressão.
Esta sessão contou com a presença de Domingos Abrantes, do Comité Central do PCP, que pagou com duros anos de prisão, a ousadia de lutar contra o fascismo. Falou das casas clandestinas de apoio à actividade do partido, das tipografias clandestinas do Avante, das prisões de muitos e muitos comunistas, que logo que saiam das prisões voltavam à luta com coragem e determinação.
Falou dos feitos heróicos, das fugas de Caxias e Peniche. Muitos e muitos camaradas que lutaram e de tudo abdicaram para se dedicarem a essa causa nobre, pelo bem estar e dignidade de um povo, pela liberdade e democracia na sua terra. Sabiam que o derrube do fascismo um dia aconteceria, mas não era certo que vivessem esse dia. E muitos não viveram, infelizmente porque a muitos a vida não o permitiu, e outros foram assassinados pela PIDE, como José Dias Coelho, Militão Ribeiro ou Alex. O fascismo prendeu, torturou e matou muitos e muitos comunistas. Sabendo que esse dia podia não chegar no seu tempo, sabiam que seu contributo era inestimável para as gerações vindouras.
Era essa visão da história e do mundo que os animava. Lutavam pela libertação do seu povo e do seu país. Esse dia chegou, e o PCP tem orgulho de ter dado um contributo decisivo e indesmentível.
Bem podem tentar apagar ou deturpar a história. Bem podem tentar denegrir a memória dos homens e mulheres que entregaram generosamente a sua vida ao povo. Bem podem tentar puxar pela imagem daqueles cujo papel não pode
ser comparável a homens que, como Álvaro Cunhal constituem referência da luta contra o fascismo em Portugal e uma referência no plano do Movimento Comunista Internacional.
O PCP orgulha-se de contar nas suas fileiras com homens e mulheres dedicados sem limite à causa da liberdade e democracia.
O PCP orgulha-se de continuar essa luta hoje..
No Portugal de Abril, são cada vez mais preocupantes os traços de prepotência, de arrogância, de falta de liberdade, de atentados aos direitos dos trabalhadores e dos cidadãos, aos direitos sindicais (recorde-se o recente julgamento do dirigente sindical João Serpa, do sindicato da construção mármores e madeiras de Lisboa), a precariedade de trabalho, o desemprego, o código de trabalho que provoca novas inseguranças aos trabalhadores, a chamada lei do funcionamento e financiamento dos partidos, são peças preocupantes do Portugal de hoje.
A Marcha pela Liberdade e Democracia, promovida pelo PCP, insere-se neste contexto de combate ao rumo que o governo do PS está adar ao nosso país.
Os milhares de pessoas que lado a lado com os comunistas participaram nessa marcha, revela que não são só os comunistas que estão preocupados com os ataques à democracia, o que significa que somos muitos, muitos mil para defender Abril, como se gritou naquela marcha.
A sessão, que contou com a presença de uma centena de militantes e outros democratas, terminou com um agradável apontamento cultural, com poema de Pablo Neruda, “ O meu Partido” e uma peça de Bach interpretada ao violino.
Odivelas, 12 de Março de 2008
A Comissão Concelhia de Odivelas do PCP