DECLARAÇÃO POLÍTICA DOS VEREADORES DA CDU
Visita a escola EB1 de Caneças
A
escola EB1 de Caneças, localizada no centro da Vila tem visto aumentar o seu
número de alunos. Tem hoje 227 alunos distribuídos por 11 turmas em 6 salas de
aula.
Devido
à sua localização é cada vez mais procurada pelos pais, mas as suas instalações
estão longe de satisfazer. Dificilmente assegura, em condições dignas, o
regular funcionamento das aulas. Não responde às necessidades prementes e imediatas
das famílias ao não oferecer Jardim-de-infância e ATL.
Esta
escola, um projecto ainda do Estado Novo, tem 55 anos de idade. Para tentar dar
resposta aos pais que a procuram viu-se obrigada a transformar alguns dos seus
espaços alterando a sua funcionalidade.
O telheiro ou alpendre, que era o espaço onde os alunos brincavam no intervalo,
foi fechado, servindo agora de refeitório e de sala de Inglês.
É
um local de passagem, sem condições. Acabou-se, assim, com um espaço de recreio
fundamental para os alunos, especialmente em dias chuvosos.
Quando
o município acordou com a escola de que esta passaria a servir as refeições
naquele espaço, prometeu-lhe que seria construído um telheiro onde os alunos
pudessem continuar a brincar em substituição do espaço que "perdiam". Mas até
hoje nada disto aconteceu, não há nenhum espaço coberto onde os alunos possam
brincar, em segurança e protegidos da chuva e o Inverno está aí.
Pergunto:
no intervalo, quando está a chover, os alunos ficam nas salas de aula ou vão brincar
para o pátio à chuva? Se ficam na sala de aula é bom que tenhamos a ideia das
consequências em termos comportamentais, que é manter crianças destas idades
fechadas numa sala sem actividade física dia após dia.
O
horário dos alunos da EB1 de Caneças é duplo isto é: aulas numa das partes do
dia e as actividades de enriquecimento, Inglês ou a Música no período
contrário, uma ou duas vezes por semana. (consoante o ano de escolaridade).
O
Inglês é a actividade mais procurada, 4 turmas do 4º ano, sensivelmente 80
alunos, a funcionar em contra horário uma ou duas vezes por semana.
Perante
esta situação impõe-se a pergunta: onde ficam os alunos nas outras três ou
quatro tardes ou manhãs em que não estão na escola? Onde está aqui a escola a
tempo inteiro? Não devia a escola ou outra instituição pública ocupar os alunos
nos períodos em que não têm aulas?
Deviam,
respondemos nós, mas não podem. E não podem porque as escolas do concelho de
Odivelas estão, como todos sabemos, lotadas. E este problema, que é para nós de
extrema importância, tem sido sistematicamente adiado.
Um
número significativo das nossas escolas já foram novas e funcionaram
razoavelmente, há muitos anos. Hoje estão transformadas em depósitos de
crianças e as poucas obras de remodelação que sofreram não foram mais do que
"paliativos" numa "doença" que se agrava todos os dias.
A
população, no Concelho, continua a crescer e a resposta em equipamentos e
edifícios escolares não acompanhou este aumento da população. Há freguesias em
que quase duplicou e o número de escolas mantém-se. Há urbanizações, como as
Colinas do Cruzeiro com uma população estimada em 4403 habitantes, sem projecto
nem espaço para uma escola básica.
Está
agora prevista a construção de uma escola em Famões, mas é pouco. Não podemos
esquecer as outras seis freguesias onde as escolas estão lotadas, com horários
maioritariamente duplos e as AEC a funcionar em espaços exíguos e desadequados.
Vão continuar assim até quando?
Quando
votámos não à carta educativa
estávamos convictos da nossa razão. Não o fizemos por uma mera birra política,
fizemo-lo porque o que nela está previsto não apresenta perspectivas de futuro
que melhorem a rede escolar no concelho num espaço de médio prazo. E todos os
dias verificamos isso quando constatamos o esforço e a luta que travam
professores e funcionários para oferecer uma escola com o mínimo de dignidade.
Estamos
a dois anos de terminar este mandato e, como somos dos que não voltam as costas
às adversidades, acreditamos que é possível começar desde já a inverter esta
situação. Não é o caminho mais fácil mas é o necessário e o único que nos
permite começar hoje a construir o futuro, um futuro que queremos digno para
todos, nesta terra que será, então sim, "a terra de novas oportunidades".
Os vereadores da CDU