Com o intuito de suscitar a participação dos munícipes na discussão e apresentação de propostas sobre o PDM de Cascais, a Vereação CDU promoveu no passado domingo uma visita aos mais relevantes sítios arqueológicos existentes no concelho, que serviu também para verificar o estado em que estes se encontram.
A visita, que contou com a colaboração de distintos especialistas em história e arqueologia, o Professor José D`Encarnação e Dr. Guilherme Cardoso, além da presença de eleitos autárquicos da CDU, contou também com a participação de cerca de três dezenas de munícipes de Cascais que através das redes sociais tomaram conhecimento da iniciativa e a ela se quiseram associar.
O périplo iniciou-se pelas “Grutas do Poço Velho”, em Cascais, ocupadas desde o Paleolítico Superior até à Idade Moderna, nas quais foi recolhido um importante espólio de peças representativas dos vários períodos de ocupação. Este “sítio” é considerado por muitos especialistas como um dos mais importantes locais arqueológicos do país, pelo acervo de peças que nele foram recolhidas e que contam histórias de vida das civilizações que sucessivamente ocuparam as grutas de Cascais.
De seguida, os visitantes dirigiram-se às “Grutas artificiais de Alapraia”, utilizadas como necrópole desde há cinco mil anos, nos períodos do Neolítico Superior e Calcolítico.
Na área territorial da Freguesia de S. D. de Rana, foi visitada a ”Villa Romana de Freiria”, datada de há dois mil anos, mas que paredes-meias com a construção romana, contém outro “sítio” de ocupação muito anterior, do Neolítico até à Alta Idade Média. As ruínas Romanas e as Pré-históricas, que foram objectivamente defendidas pelos romanos na sua ocupação, constituem um conjunto arqueológico de inestimável importância.
Por fim, na localidade de Alvide, foi visitada a também “Villa Romana do Alto do Cidreira”, localizada num dos pontos de mais aprazíveis vistas de todo o concelho.
De comum a todos os locais, os eleitos e os demais visitantes constataram a inexistência de qualquer tipo de informação memorial descritiva dando conta aos locais e aos muitos turistas que visitam Cascais do que ali se encerra e da sua importância histórica e patrimonial para o estudo das civilizações.
Quanto à Villa Romana do Alto do Cidreira, nem sequer existe algum tipo de protecção das ruínas, que assim estão sujeitas tanto à erosão dos factores temporais como à intrusão de quem as não saiba estimar. E quase o mesmo sucede também no conjunto arqueológico da Villa de Freiria, com a pequena diferença de aqui existir uma vedação, rota em vários pontos, assinalada há vários anos como necessitando de substituição.
Para o Alto do Cidreira não existe um Plano de Pormenor que enquadre e defenda o “sítio” Arqueológico. Plano de Pormenor que embora exista no caso de Freiria, há cerca de vinte anos ninguém sabe em que estado de concretização se encontra.
Desta viagem pela história ressaltou ainda a gritante incapacidade de uma câmara gerida pelo PSD/CDS, para edificar um Museu de História e Arqueologia, sendo um dos poucos municípios que no país não dispõe de um local próprio onde se possa reunir e expor o extraordinário espólio recolhido por sucessivas gerações de arqueólogos e que muito poderia contribuir para a formação histórica e cultural da população e particularmente dos mais jovens.
Como corolário desta iniciativa, o Vereador da CDU, na reunião de Câmara do dia seguinte, apresentou ao executivo municipal um conjunto de propostas que visam a resolução dos problemas anotados durante a visita.