As greves de 8 e 9 de Maio de 1944, marcadas, organizadas e dinamizadas pelo Partido Comunista Português, foram o corolário de toda a uma série de lutas pelo trabalho, pelo pão e mais géneros alimentícios que faltavam em todo o país, ou que não eram
distribuídos, mas antes açambarcados para uma boa quantidade deles serem enviados para a Alemanha nazi e também para a Espanha franquista. Em 2014 perfazem-se 70 anos sobre as greves de 1944 e a ORL irá assinalar esta data histórica coma realização de um conjunto de iniciativas: uma exposição temática, um conjunto de debates, nomeadamente o do
próximo dia 11 de Junho no Centro de Trabalho Vitória e a realização de 2 marchas para os dias 8 e 9 de Maio, em Sacavém e Alhandra respectivamente, ambas com início às 18h30.
70º aniversário das Greves de 1944
Corria o ano de 1944. Vivia-se a 2ª Guerra Mundial e Portugal, apesar de não ter participação directa, sofria com todas as dificuldades e misérias que a mesma, e sobretudo o regime fascista, impunham ao povo Português. Em Maio de 1944 a guerra estava a mudar de curso. Os exércitos nazi-fascistas soçobravam na frente de batalha, em especial na União Soviética. O Exército Vermelho avançava em todas as frentes de guerra empurrando inexoravelmente os exércitos nazi-fascistas para o seu covil até à vitória final. Naturalmente que esta situação, aliada aos resultados vitoriosos de muitas lutas reivindicativas que vinham tendo lugar por todo o país, contribuíram enormemente para aumentar a confiança e o entusiasmo entre a classe operária, restantes trabalhadores e as grandes massas.
No ano de 1943 tinham tido lugar muitas lutas, em especial as grandes greves de Julho e Agosto, na região de Lisboa, com a participação activa e heróica de mais de 50.000 operários e outros trabalhadores, obrigando o governo a ceder em muitos aspectos.
A necessidade de se organizarem lutas de maior amplitude por aumento de salários, pelo pão e outros produtos alimentares, pelo derrubamento da ditadura fascista, pela liberdade, pela democracia, tornou-se mais sentida e compreensível para todos.
O PCP, através do “Avante!” não só dava a conhecer e analisava essas lutas, como apelava à classe operária e às massas populares para a organização de novas lutas. Nos meses anteriores aos dias 8 e 9 de Maio de 1944 foram-se desenvolvendo lutas, organizando comissões operárias de unidade nas fábricas e outros locais de trabalho um pouco por toda a Região de Lisboa, criou-se comités de greve nas empresas e locais de trabalho, foram-se criando as condições e o ambiente para uma nova greve. O Comité Dirigente da Greve e sua composição só muito perto da data prevista para esta foi criado.
Uma vez definida a orientação geral, era o factor organização que decidiria do sucesso ou insucesso da greve. A poucos dias da greve, a montagem final do aparelho organizativo que iria orientar todo o andamento da greve exigiu um esforço suplementar do Partido, em especial dos quadros directamente envolvidos nessa tarefa.
O apelo à greve, lançado publicamente pelo PCP através de um manifesto assinado pelo Secretariado do Comité Central com datas marcadas para o seu início e fim, patenteava uma grande confiança na classe operária e restantes trabalhadores, nos quadros do Partido, no povo. Uma confiança que se viria a revelar nos dias 8 e 9 de Maio, onde correspondendo ao apelo lançado pelo Partido, os operários foram para a greve e que a eles se juntaram trabalhadores dos campos que, em muitos casos, juntos marchavam em manifestações, arvorando bandeiras negras em direcção às sedes dos concelhos, especialmente de Loures e Vila Franca de Xira.
A resposta do Estado fascista foi violenta e brutal, centenas foram presos e enfiados na Praça de Touros de Vila Franca de Xira e, mais tarde, transferidos para a Praça de Touros do Campo Pequeno, em Lisboa. Os grevistas despedidos só podiam ser readmitidos depois da autorização dada pelo Serviço de Mobilização, várias fábricas foram encerradas. São anunciadas prisões de proprietários, directores e encarregados de fábricas que não tiveram uma atitude “enérgica” face aos grevistas.
As greves de 8 e 9 de Maio de 1944, marcadas, organizadas e dinamizadas pelo Partido Comunista Português, foram o corolário de toda a uma série de lutas pelo trabalho, pelo pão e mais géneros alimentícios que faltavam em todo o país, ou que não eram distribuídos, mas antes açambarcados para uma boa quantidade deles serem enviados para a Alemanha nazi e também para a Espanha franquista. Em 2014 perfazem-se 70 anos sobre as greves de 1944. Comemorar este acontecimento notável que é parte integrante da história do Partido Comunista Português, é também comemorar a heroica luta dos trabalhadores e do povo português, conduzida pelo Partido da classe operaria e de todos os trabalhadores, o Partido Comunista Português, pelo derrube do fascismo, pela liberdade, pela democracia.
Assim, a Organização Regional de Lisboa do PCP dá a conhecer um amplo programa de comemoração das Greves de 44, onde, entre outras iniciativas, destacam-se: Uma exposição temática, um conjunto de debates a realizar, nomeadamente o do próximo dia 11 de Junho no Centro de Trabalho Vitória e a realização de 2 marchas para os dias 8 e 9 de Maio, em Sacavém e Alhandra respectivamente, ambas com início às 18h30.
Direcção da Organização Regional de Lisboa do PCP, Maio de 2014